PÊLOS BRANCOS OU ALBINO?
Pêlos Brancos:
A quantidade de melanócitos, presentes na pele branca, é quase igual à da pele escura. A intensidade e a tonalidade da pigmentação da pele e dos pêlos depende da maior ou menor produção de melanina, pelos melanócitos.
Os melanócitos, são as células que processam as reações químicas que produzem a melanina. Sob o nome de melanoblastos, em sua fase embrionária, durante a fase fetal, migram para a epiderme.
No tecido que reveste os cães albinos, os melanócitos apresentam-se inativos, incapazes de produzir a melanina, por ausência congênita, da tirosina.
Quando a presença da melanina é parcial, limitada a uma região definida da pele, em algumas raças, como o bóxer, o albinismo recebe o nome de "agradáveis marcações".
A quantidade de melanócitos, na pele dos cães albinos é equivalente, à dos cães normais, diferindo, apenas, na produtividade de melanócitos.
As camadas basais, mais profundas da pele, reunem maior concentração de pigmento. A pele escura é impregnada de melanina em toda sua espessura. A pele bem pigmentada se mantém protegida, pela melanina, da radiação ultravioleta da luz solar. A pele dos cães albinos torna-se sensível à essa radiação.
Os pêlos são corados pela associação da melanina à feomelanina.
As raças que ostentam a pelagem, naturalmente branca, têm a pele bem pigmentada, principalmente, nas pálpebras, cílios e trufa.
Para constatar-se o albinismo, caso a trufa e a rima das pálpebras se mantenham pretas, basta afastar os pêlos e observar a pele, que revela a densidade da sua pigmentação.
O melanócito armazena, em minúsculas bolsas chamadas melanossomas, o hormônio tirosina, reagente que processa a síntese do pigmento.
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A melanina forma os melanossomas, que adquirem colorações que variam do baio, passando pelas várias gamas do vermelho, marrom, até a intensa cor negra, por agrupamento, conforme a concentração de pigmento.
Assim, a cor da pele e dos pêlos, incluindo as várias tonalidades da mesma cor, é definida pela maior ou menor capacidade dos melanossomas de armazenar melanina. |
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Melanócito - ou célula clara, por assumir uma cor mais clara quando da aplicação do corante para exame microscópico. Os dois melanócitos, que aparecem na foto, têm aspecto de anéis. |
Os melanossomas, por sua vez, formam grânulos, que se aglomeram em grupos de 5 a 8.
Esses grânulos são transferidos, para os queranócitos (que formam as células epiteliais) adjacentes, intensificando a pigmentação do epitélio. |
Quando as células da camada basal são lesadas, forma-se um tecido cicatricial sem melanócitos, sendo, portanto, inexistente a produção de melanina.
Por isso, quando um animal recebe um ferimento profundo, os pêlos, dessa região, ficam brancos.
Cor Natural e Albinismo
Grandes polêmicas foram geradas pela incompreensão do fato de se classificar um determinado cão como albino enquanto que outras raças, cuja pelagem é inteiramente branca, são classificadas como de cor sólida e, outras ainda, como o Samoieda, na qual a cor branca é uma característica da raça.
A cor branca, na pelagem, é gerada por dois tipos de etiologia: a escassa produção da feomelanina, que pigmenta os pêlos em associação com a melanina, que faz parte das características biotípicas de certas raças, e a total ausência de produção da melanina, que pode estar limitada a uma determinada área da pelagem ou alastrar-se por inteiro, que é uma patologia congênita e hereditariamente transmissível.
Nos cães de pelagem naturalmente branca, a produção de melanina é normal e, sob a pelagem branca, pode-se verificar a pele escura, bem pigmentada.
Nos cães albinos, a hipófise não produz a tirosina e a ausência da tirosinase, reação que processa a melanina, em determinada área, produz a pele branca (na realidade, rosada). Portanto, qualquer cão que apresente uma pequena mancha branca, sendo que a pele dessa área também se apresenta branca, ou melhor, despigmentada, automaticamente, é portador da melanopatia hereditária, chamada albinismo. -
Bruno Tausz
Etólogo Presidente do Conselho de Cinologia da CBKC
Árbitro de Todas as Raças