SOBRE A RESPIRAÇÃO E DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS
COMO ANDA O FÔLEGO DO SEU CÃO?
Veja como identificar e prevenir problemas respiratórios do seu amigo de quatro patas
O cão está com tosse? Sai corrimento pelo nariz dele? Oscilações climáticas e outros motivos podem estimular o aparecimento de dificuldades respiratórias. Até uma simples coriza debilita o organismo, tomando a respiração menos eficiente, o que provoca menor oxigenação do sangue e causa prejuízo à resistência de todo o organismo. Às vezes, por trás de um corrimento nasal pode estar o início de um mal grave. Veja algumas das possibilidades mais comuns associadas aos sintomas respiratórios e saiba como agir nesses casos, para o seu amigão de quatro patas ter melhor qualidade de vida.
O QUE OBSERVAR NO CÃO
Nas narinas e na garganta
Assim como eu, o meu cão pode ser alérgico a poeira? Espirros, coriza e tosse podem ser causados por alergia, sim. É dessa maneira que o organismo tenta eliminar agentes aos quais é sensível e que causam inchaço, coceira e queda de pêlo nas regiões afetadas. Entre os motivos do problema podem estar um cheiro diferente, um produto de limpeza, uma planta, a poluição, a poeira e a fumaça de cigarro. Cuidados se houver sintoma: mantenha o cão alérgico afastado do que lhe causa alergia. Há testes específicos que ajudam a identificar o motivo, feitos em algumas clínicas e laboratórios. Aplica-se na pele os agentes suspeitos de produzir alergia, observa-se em quais casos ocorre a reação e se sabe o resultado.
Cão tem dor de garganta? Como ocorre conosco, um dos mecanismos de defesa do organismo canino, em caso de infecção na garganta e nas vias respiratórias, é o inchaço das amídalas (aqueles órgãos que o médico examina pedindo para abrirmos a boca, quando temos dor de garganta). Ao inchar, as amídalas dificultam a passagem da saliva e da comida, causando dor e redução na ingestão de comida. Cuidados se houver sintoma: o médico veterinário examina as amídalas do cão e, constatado o problema, receita um medicamento apropriado para eliminara causa da infecção.
Na traquéia (pescoço)
Quando chego em casa ou brinco com meu cão ele começa a tossir. Por quê? Alguns cães têm a traquéia mais fechada que a maioria - é o chamado colapso de traquéia. Isso dificulta a respiração quando fica mais acelerada. O cão tosse, se engasga e sente falta de ar. Cuidados se houver sintoma: evite excitar o cão nas brincadeiras e em recepções festivas. O colapso de traquéia é um problema hereditário - não acasale o cão portador.
No peito
Depois de ter deixada aberta a janela do lugar onde o meu cão fica, num dia frio, ele passou a tossir muito, não quer comer e respira com dificuldade. O ar gelado pode baixar as defesas do cão, deixando-o mais vulnerável à pneumonia (inflamação dos pulmões por bactérias e vírus). Aparece o catarro, que é uma mistura de material morto, composto pelo resto de células de defesa e microrganismos combatidos, eliminado com a tosse. Cuidados se houver sintoma: siga orientação do veterinário quanto ao antibiótico a usar - há de diversos tipos, para infecções diferentes.
Outra causa de pneumonia são os vermes Toxocara, Ancylostoma e as filárias, entre outros, que passam do sangue para o pulmão quando ainda são larvas minúsculas, causando lesões ou nódulos que debilitam o organismo e abrem portas para a instalação de bactérias e vírus. O cão tosse e engole catarro, fazendo as larvas retornarem ao intestino, prontas para fixar residência e se reproduzir, reiniciando o ciclo. Cuidados se houver sintoma: dar vermífugo específico para o combate a esse tipo de verme.
DONO PREVENIDO, CÃO PROTEGIDO
No passeio, no petshop, em casa mesmo, o cão dificilmente conseguirá passar a vida longe de doenças. Por isso, formar anticorpos prontos a defender o organismo dele é a melhor prevenção. As vacinas são o método mais eficiente para evitar algumas viroses graves que atacam o sistema respiratório e causam graves danos levando, muitas vezes, à morte:
Cinomose - é uma infecção grave, que começa com corrimento no nariz e nos olhos. Evolui rapidamente para pneumonia, febre, perda do apetite, vômito, diarréia e problemas de pele e chega ao sistema nervoso causando tiques nervosos, convulsões e paralisia Geralmente é mortal, mas há casos nos quais se consegue reverter o colapso em que entra o sistema de defesa canina, fazendo-o trabalhar. O vírus está no ar e pode permanecer na ambiente par até três anos. Ataca principalmente cães de até um ano de idade e cães idosos (veja Quando vacinar para combater males respiratórios).
Tosse dos Canis - é chamada assim par se disseminar rapidamente em locais onde existem muitos cães vivendo em espaços restritos, sendo causada principalmente por três tipos de vírus e uma bactéria, que atuam muitas vezes juntos. Todo o percurso do sistema respiratório por onde passa o ar contaminado (veja O caminho do ar) fica inflamado pela presença dos agentes. O cão apresenta corrimento no nariz e olhos, tosse, perde o apetite, fica sem vontade de brincar e pode ter febre. A boa notícia é que a doença tem vacina.
Mas vacinar não basta para as defesas manterem-se em pleno vigor. O cão precisa também de boa nutrição, obtida com alimentação equilibrada, e de estar protegido das oscilações bruscas de temperatura - exatamente com funciona com as crianças e os adultos humanos.
RAÇAS DIFERENTES, FRAQUEZAS DIVERSAS
Isso mesmo, a saúde dos cães pode ser influenciada pelas características raciais. Por exemplo, existem cães que suportam melhor temperaturas baixas, como o Samoieda, o Husky e o Akita, entre outros. Eles foram selecionados para sobreviver em ambiente de frio intenso, mas isso não os livra de ter doença respiratória caso estejam em condições inadequadas, como com debilidade física, estresse, má nutrição ou frio em excesso.
DEVO AGASALHAR CÃO GRANDE?
Os cães resistem bem ao frio até certo ponto. Tanto os de pêlo curto como os de pêlo longo, em frio abaixo dos dez graus, tendem a sofrer redução da resistência imunológica e expõem-se à queda brusca de temperatura (hipotermia), que reduz as atividades orgânicas e metabólicas, com risco de morte. Por isso, é recomendável proporcionar abrigo ou proteger os cães, agasalhando-os. Prefira, para eles, as roupas de tecidos de algodão ou flanela, por causarem menos reações alérgicas que a lã. Precisam dessa proteção extra também os cães ditos rústicos, como o Pastor Alemão e o Border Collie, e os guardiões de pêlo curto, que necessitam passar dia e noite ao ar livre, como o Rottweiler, Boxer e Dogue Alemão. A recomendação para o cão que dorme fora de casa é de ter um local abrigado do venta e da chuva, além de um estrado de madeira forrado com um colchão ou manta, para se deitar e se proteger da umidade do chão.
Já no calor, em geral acima dos 30 graus, quem sofre mais são as raças com focinho achatado, como o Pug, o Buldogue Inglês e o Boston Terrier, por exemplo. Nelas, o canal nasal também é achatado, obstruindo parcialmente a entrada de ar, o que pode causar grande desconforto pela dificuldade de respirar quando aumenta a freqüência respiratória, mecanismo adotado pelo organismo canino para eliminar, pelo ar, a excesso de calor.
POSSO PEGAR DOENÇA RESPIRATÓRIA DO MEU CÃO?
Todos os males citados atacam somente cães. Existe, porém, uma doença respiratória que é compartilhada pelos cães e pessoas: a tuberculose. Mas sua incidência é rara e, na maioria das vezes, o cão a pega de alguém de sua família humana.
CÃO GAÚCHO E CÃO NORDESTINO TÊM DOENÇAS DIFERENTES?
Não. O que muda é a proporção de cães afetados, principalmente em decorrência da prevenção feita, em geral associada ao poder aquisitivo e ao nível cultural das pessoas. Quanto mais rica a região, maior a preservação da integridade física por meio da alimentação equilibrada, da vacinação do filhote, de lugar aquecido para dormir e da rotina de ir ao veterinário, pela menos uma vez par ano, para reforço de vacinas e exame geral.
QUE OUTROS MALES PODEM PREJUDICAR A RESPIRAÇÃO?
Problemas no coração são campeões em produzir sintomas respiratórios. Para detectá-los no início e ficar bem mais fácil controlá-los, convém submeter o cão a um check-up veterinário anual, que será mais detalhado se houver sintoma de doença ou quando a idade for superior a cinco anos.
O CAMINHO DO AR
O ar entra pelo nariz ou boca, passa pela faringe, laringe e traquéia e chega aos pulmões, onde é absorvido. O nariz retém impurezas do ar que, no percurso até o pulmão, se adapta à temperatura corporal. O contato do pulmão com o ar frio demais baixa as defesas do organismo.
Quando vacinar para combater males respiratórios |
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Vacina |
Cria resistência |
Doses |
Idade |
Óctupla (*) |
Vírus Paramoxivírus
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1ª |
45 a 60 dias |
Contra Tosse dos Canis |
Bactéria Bordetella
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1ª |
60 dias |
(*) Rottweiler, Pastor e Dogue Alemão: sugere-se repetir também aos 90 dias após a primeira dose. Estudos indicam que cães dessas raças não conseguem produzir uma imunidade tão rapidamente quanto outras, depois de vacinados.Muitos veterinários, sabendo disso, sugerem que se faça um reforço a mais dessa vacina nos filhotes, ou seja, em vez de três, que se faça quatro doses com intervalo de 30 dias. |